The Voice Of The People

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Bob Marley (O Rei do Reggae)



Bob Marley é um artista que dispensa apresentações, com suas letras, sons e mensagens que revolucionaram a música. Mas vamos para uma breve história da vida de um dos maiores artistas de todos os tempos.

Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley, nascido no dia 6 de fevereiro de
(Norval Sinclair Marley e Cedella Broker)
1945, em Saint Ann, Nine Mile, Jamaica. Filho de Norval Sinclair Marley, um militar branco, capitão do exército inglês britânico e Cedella Brooker, uma adolescente negra do Norte da Jamaica. Após a morte de Norval em 1957, sua mãe Cedella casou-se com Toddy Livingstone e mudou-se para Trenchtown, a maior e mais miserável favela de Kingston. Bob era provocado e rejeitado pelos negros locais, por ser mestiço e ter baixa estatura, ele teve uma juventude muito difícil, o que o ajudou a ter personalidade e um ponto de vista bastante crítico a respeito dos problemas sociais, que lhe inspiraram muito em suas composições.
(Bob Marley ainda jovem em Kingston)
"Meu pai é branco... e minha mãe é negra.
Agora me chamam de mestiço... ou o que quer que seja.
Bem... não estou do lado de ninguém.
Não estou do lado dos negros, nem do lado dos brancos.
Eu estou do lado de Deus, o homem que me criou... e que me fez nascer de uma negra e de um branco." - Bob Marley.

Bob desde muito cedo já tinha uma ligação muito forte com a música, através de alguns familiares. Ele e seu amigo Bunny Wailer improvisavam guitarras feitas de lata (caixa de rumba) e acompanhavam os sucessos vindos da América, sintonizados em um mini-rádio eles captavam artistas como Ray Charles e Brook Benton, um dos preferidos de Bob Marley, e grupos como Drifter, muito populares naquela época na Jamaica.
Época em que ter um rádio era luxo, então nomes como Coxsone Dodd e Leslie Kong ficaram muito famosos por seus “Sound Systems” (Sistemas de Som), que eram furgões equipados com aparelhagem de som, que faziam a animação da rapaziada nas ruas dos guetos.
(Famosos Sound Systems)
No início da década de 60, o movimento R&B começou a decair nos Estados Unidos, tornando difícil a aquisição de discos para satisfazer o que o povo jamaicano exigia. Foi aí que os donos dos Sound Systems se viram obrigados a investir em talentos locais. Nessa época surgiu o som do SKA, um vibrante som resultante do R&B e das Big Bands. A independência da Jamaica em 1962, deixando de ser uma colônia britânica, ajudou na criação de uma música originalmente jamaicana. Os antigos donos dos Sound Systems tornaram-se então produtores, onde descobriam rapazes que tivessem algum talento em cantar suas emoções vividas nos guetos de Kingston, faziam então discos de SKA.
Quando Bob largou a escola, aos 14 anos, decidindo dedicar-se exclusivamente à música. Sua mãe temia que ele viesse a se tornar um “rude boy” (como são conhecidos os delinquentes juvenis na Jamaica). Bob Marley passava suas horas livres ao lado de Bunny Wailer aperfeiçoando suas habilidades vocais. Eles eram ajudados pelo cantor Joe Higgs, um dos célebres habitantes de Trenchtown na época. Joe dava aulas informais de canto para aspirantes que tivessem interesse em aperfeiçoar suas habilidades. Foi em meio a essas sessões que Bob Marley e Bunny Wailer conheceram Peter Tosh.
(Bunny Wailer e Peter Tosh. Amigos de Bob e parceiros no The Wailers)
Em 1962, Bob gravou a sua primeira canção, “Judge Not”, sua primeira composição que foi produzida por Leslie Kong, que bancou suas primeiras gravações. Mas as sua músicas não fizeram sucesso, então Bob decidiu que o caminho a seguir era montar uma banda, naquela época algumas bandas americanas faziam sucesso na Jamaica, ele estava ainda mais decidido a se tornar um cantor. Bob juntou-se com Bunny Wailer e Peter Tosh, formando o “Wailing Wailers”, diziam que ao nascer no gueto, nasciam para lamentar, “Wail” significa “lamentar”, então era assim que eles deveriam se chamar. O grupo tinha um mentor, o percussionista rastafari Alvin Patterson, que os apresentou para o produtor Coxsone Dodd.
(Coxsone Dodd, fundador do famoso "Studio One")

Em 1963, ao ouvir os Wailers, Coxsone disse que estavam preparados e resolveu grava-los e os por pra valer nas paradas da Jamaica. Os Wailers gravaram o seu primeiro single, “Simmer Down”, nas ultimas semanas de 1963, em janeiro do ano seguinte já era a primeira música nas paradas jamaicanas, e tocava por várias vezes seguidas nas famosas “Jukeboxes”.
Os Wailers eram a grande novidade no cenário jamaicano, “Simmer Down” causou grande sensação e o grupo começou a gravar com regularidade para o lendário “Studio One” de Coxsone Dodd.
(Bob Marley, Bunny Wailer e Peter Tosh. "Wailers")
Nos anos seguintes a banda de Bob colocou mais alguns hits nas paradas, o grupo agora era popular, os “rude boys” se identificavam com o som dos Wailers, a música jamaicana agora tinha uma identidade e quem falasse a mais pura linguagem do gueto. Mesmo assim atravessavam dificuldades econômicas, naquela época os artistas não recebiam pelos trabalhos, a maior parte do dinheiro ficava com as gravadoras e produtores.
Na mesma época a mãe de Bob havia se mudado para Delaware, Estados Unidos, Bob também estava disposto a ir para junto de sua mãe, ela queria que ele começasse uma nova vida por lá. Ainda antes de ir Bob conheceu uma jovem, Rita Anderson, no dia 11 de fevereiro de 1966 ele se casou com ela e já no dia 12 foi para os Estados Unidos.
Bob ficou apenas oito meses nos Estados Unidos, onde trabalhava pilotando uma empilhadeira em uma montadora de carros (Crysler). Sua paixão sempre foi a música, e Bob não estava contente nos Estados Unidos, o que ele ganhou durante o tempo de trabalho era o suficiente para financiar a sua grande ambição.
De volta a Jamaica e unido novamente a Bunny Wailer e Peter Tosh, o grupo simplificou o nome para “The Wailers” e estava reorganizado. A música jamaicana havia se transformado, e o antigo SKA tinha sido substituído pelo Rocksteady, ritmo mais lento e sensual.
Nessa época o The Wailers já havia assumido um compromisso com o Movimento Rastafari, eles estavam aprofundados na cultura e agora sua música abordava temas sociais e espirituais, que se tornaram marca registrada e seu maior legado, que revolucionaram a música.

“Bob Marley acreditava que através da sua música ele poderia libertar o seu povo, curar as pessoas do ódio, do mal, da ganância, abrir os olhos do povo a procurarem os seus direitos, trazer o respeito, a paz, a liberdade, a sua influência na Jamaica era muito maior que a do próprio governo, sua música era sua arma contra o sistema, contra as guerras.”

Mas o compromisso que o The Wailers havia assumido com o Movimento Rastafari, causou um desentendimento com Coxsone Dodd. Então eles decidiram criar o seu próprio selo, “Waili´n Soul´m”. Eles gravaram “Bend Down Low”, que chegou ao primeiro lugar e conseguiram o seu próprio dinheiro. As suas músicas dominavam os “Sound Systems”, ”Jukeboxes” e os “Salões de Dança”. Apesar de conseguirem sucesso no início, a firma acabou falindo no final de 1967. O grupo sobreviveu como compositores para uma companhia associada ao cantor americano Johnny Nash, que teve um grande sucesso internacional com a composição de Bob Marley, “Stir it Up”.
(Lee "Scratch" Perry o mago dos estúdios)
No início da década de 70, Coxsone Dodd, Studio One, Dualcreed, Trojan e Prince Buster, decidiram criar uma organização chamada “The Big Tree”. Então o The Wailers conseguiu o seu espaço, o grupo começou a trabalhar com o produtor Lee “Scratch” Perry, o mago dos estúdios, que transformou as possibilidades técnicas de gravações em uma forma requintada de arte. Essa união rendeu algumas das mais belas produções musicais da banda, músicas como “Soul Rebel”, “Duppy Conqueror”, “400 Years” e “Small Axe”. Músicas que não foram apenas clássicos, mas que revolucionaram e definiram a direção do Reggae, a partir daí se conheceu o famoso “Tchaka” das guitarras e o som que acompanha as batidas do coração.
Nesta época os irmãos Aston “Family Man” Barret e Carlton se uniram ao The Wailers, eles formavam a base rítmica dos “Uppsetters”, o grupo de estúdios de Lee “Scratch” Perry, os dois irmãos eram indiscutivelmente a melhor base rítmica da época, e o The Wailers junto a eles começou a ganhar forma. A banda já era aclamada por todo o Caribe, mas ainda era desconhecida internacionalmente.
Em 1971, Bob aceitou o convite de Johnny Nash para acompanhá-los até a Suécia, onde o cantor americano iria produzir a trilha sonora para um filme sueco. Enquanto estava na Europa, Bob assinou um contrato com a CBS, que também era gravadora de Nash. Em 1972 os Wailers estavam em Londres promovendo um single para a CBS, “Reggae on Broadway”, mas assim como o filme de Nash, o projeto também fracassou, e os Wailers se viram em uma roubada numa terra tão distante.
Mas alguém havia ligado para Chris Blackwell, dizendo que "Bob Marley & The Wailers estavam em Londres e se ele gostaria de conhecê-los". Blackwell estava ansioso para conhecê-los, porque já tinha ouvido falar neles.
Chris Blackwell era um jamaicano branco, descendente de ingleses, que pertencia a uma rica e tradicional família na ilha, ele havia fundado a Island Records na Jamaica no final da década de 50, e já estava envolvido com a cultura musical jamaicana antes mesmo da época do SKA. A Island Records foi uma das pioneiras em exportar a música jamaicana para o mundo, se tornou a principal responsável por lançamentos da música da ilha do Reino Unido. A gravadora também havia expandido os seus negócios para o rock´n roll, e produzia grandes artistas do gênero. Bob Marley estava se conectando com a mais quente das gravadoras independentes da época.
Foi oferecida uma oferta de confiança ao grupo, e uma carta branca para eles irem para a Jamaica produzirem o material para o primeiro álbum do The Wailers na Island Records. Era a primeira vez que uma banda de reggae tinha esse tipo de tratamento, comparável a seus contemporâneos do rock, com acesso ao mais alto nível de gravação. Antes disso, se considerava que o reggae só vendia discos singles ou coletâneas de baixo custo. O produtor foi advertido por várias pessoas a não confiar tanto assim nos garotos, que possivelmente eles sumiriam com o dinheiro sem que entregassem resultados.
Depois de alguns meses o The Wailers estava de volta a Londres com o material que haviam gravado na Island de Kingston. Para tornar o material mais aceitável ao público internacional, foram acrescentados as gravações originais, solos de guitarra e linha de teclados executados por músicos ingleses (overdubs). Blackwell queria lançar o The Wailers como uma banda de rock, composta por negros jamaicanos. O resultado foi o álbum “Catch a Fire”, o disco foi
(Disco Original "Catch A Fire" de 1973)
pesadamente promovido, iniciando a escalada internacional do sucesso de Bob Marley.
As músicas de Bob Marley, com suas letras de paz, protesto e críticas sociais, contrastavam completamente com o que rolava no cenário da música rock da época. A gravadora decidiu que o The Wailers deveria excursionar, fazendo shows tanto na Europa, como nos Estados Unidos, mais uma completa novidade para uma banda de reggae.
A banda embarcou pela Europa, solidificando as suas performances ao vivo. Depois de três meses voltaram à Jamaica, onde Bunny Wailer decepcionado com a vida na estrada e com o fato de não terem falado a eles que a turnê era promocional e que eles não ganhariam dinheiro algum. Bunny decidiu por não participar da turnê pelos Estados Unidos, achando que os outros fariam o mesmo por não estarem contentes, mas eles prosseguiram. Bunny Wailer foi substituído por Joe Higgs, o mestre musical da adolescência dos Wailers.
Nos Estados Unidos, Bob Marley & The Wailers lotaram alguns clubes noturnos e abriram shows de outros artistas. A repercussão da banda era muito boa, e foram arranjadas 17 datas para o The Wailers abrirem shows de Sly & The Family Stone, que na época era a maior banda de Black Music da América. Após abrirem os quatro primeiros shows para a banda, Bob Marley e sua banda foram retirados da turnê, pois Bob Marley & The Wailers estavam se destacando mais do que a banda que deveria ser a atração principal.
Logo após o impacto do álbum “Catch a Fire” no mercado europeu, Blackwell entregou a Bob Marley as chaves da “Island House”, uma bela casa situada na Hope Road 56, parte rica de
(A famosa casa de Bob Marley na Hope Road 56)
Kingston e que ficava perto da sede do governo, casa que mais tarde Bob Marley viria a comprar. Em pouco tempo o novo quintal de Bob se tornaria o núcleo da criação e uma espécie de comunidade, com livre acesso para a família, seus amigos do gueto, rastas, namoradas, músicos de todas as partes, jornalistas de todo o mundo, e outros que eventualmente apareciam para jogar o famoso futebol no fim de tarde no estacionamento, o futebol era uma das paixões de Bob. Ele dizia que “trazia o gueto a cidade alta”.

 
(Uma das paixões de Bob Marley era o futebol)
Eu adorava aquele lugar, adorava a casa antiga com pisos de madeira, era simplesmente encantadora, fresca e arejada, era ótima. Sempre há uma corrente de pessoas subindo e descendo, gritando e rindo, normalmente se divertindo, e eu estava lá. A coisa mais importante culturalmente que estava acontecendo na Jamaica, estava acontecendo ali. Era o quartel general, o centro de tudo, Bob Nunca sai de Hope Road 56. Vinham pessoas do mundo todo para vê-lo.” - (Cindy Breakspeare, Miss Mundo e mãe de Damian Marley, um dos filhos de Bob Marley)

Bob Marley dava dinheiro e comida para pessoas que vinham pedir, era comum formarem filas, mulheres com bebês, crianças, jovens, homens que queriam começar um negócio. E o dinheiro que ele dava não era pouco, era o suficiente para que se começasse até um negócio.
Neste clima de nova vida comunitária, religiosa e criativa que se encontra a tradução do disco “Burnin”, segundo lançamento pela Island Records no final de 1973. As músicas com conteúdo ainda mais politizado e social, conquistaram o público branco da Europa e Estados Unidos, em clássicos como “Get Up, Stand Up”, na qual Bob alerta as pessoas para que
lutem por seus direitos. Estava acontecendo uma verdadeira revolução musical e ideológica.
(Mick Jagger, Jackson Five e George Harrison com Bob)
celebridades começavam a admirar o ascendente trabalho de Bob, como Paul McCartney, Mick Jagger e Jackson Five. O lendário Eric Clapton ressurgiu gravando “I Shot the Sherif”, versão que atingiu os primeiros lugares das paradas o colocando novamente no cenário musical e alavancando ainda mais a carreira de Bob Marley & The Wailers.
Em 1974 foi lançado o álbum “Natty Dread”, com o sucesso da música “No Woman No Cry”, que atingiu o primeiro lugar na parada inglesa, tornando Bob Marley ainda mais popular. A essa altura Peter Tosh também havia deixado a banda após 12 anos como 2ª voz dos Wailers, insatisfeito com o tratamento e falta de reconhecimento de produtores com o seu trabalho. O grupo contava agora com as “The I-Three”, que era formado pelas cantoras Judy Mowatt, Marcia Griffiths e Rita Marley, mulher de Bob.
Com o lançamento do álbum “Rastaman Vibration”, em 1976, Bob Marley conquistou de vez a fama nos Estados Unidos. Na Jamaica a sua fama já era quase mítica.
(Bob Marley & The Wailers and The I-Three durante turnê - 1976)
No mesmo ano de 1976, havia uma guerra civil entre militantes de dois partidos distintos da Jamaica, um dos períodos mais sangrentos da história do país. Bob Marley resolveu que daria um show gratuito pela paz e união. O primeiro-ministro Michael Manley, líder do partido PNP, apoiou e deu força ao concerto pela paz, supostamente para apaziguar as tensões entre os partidos, mas muitos dizem que o que ele queria na verdade era usar o show como benefício para ganhar votos, pois Bob Marley tinha uma grande influência na Jamaica, quem ele apoiasse com certeza ganharia as eleições, até por isso Michael Manley antecipou as eleições para uma data mais próxima após o concerto pela paz. Mas a verdade é que Bob não apoiava político e nem partido.

“Quando há violência política os jovens brigam entre si e pelos políticos. Eu realmente me sinto mal. Acho que nenhum deles faz nada de bom pelo povo. É dividir e dominar.” – (Bob Marley).

“Eu nunca apoiei o governo de Michael Manley, nunca. Eleições? Quem quer que ganhe os problemas continuarão os mesmos.” – (Bob Marley).


Porém, dois dias antes do show, a casa de Bob na Hope Road 56, foi invadida por pistoleiros, supostamente opositores ao partido de Michael Manley. Dispararam para todos os lados, Bob Marley estava na cozinha no momento, mas ninguém foi morto aquela noite. Don Taylor empresário do The Wailers foi atingido por vários tiros, Rita Marley levou um tiro de raspão na cabeça e Bob levou um tiro que raspou e queimou em seu peito, se alojando em seu braço esquerdo. Mas no dia 5 de dezembro, dois dias após sofrer o atentado, mesmo sendo orientado a não fazer o show, Bob Marley resolveu que subiria ao palco, mesmo baleado e correndo risco de morte. Mesmo com os curativos, Bob se apresentou no show “Smile Jamaica”, pela paz, durante o show mostrou os seus ferimentos ao público. Ao ser questionado porque mesmo naquele estado e correndo risco, porque fez o concerto pela paz, ele respondeu com a seguinte frase: “As pessoas que fazem de tudo para piorar o mundo não descansam. Por que eu, que quero melhorar, tenho que descansar?”.
(Bob Marley no concerto "Smile Jamaica" em 1976)
Após o concerto “Smile Jamaica”, Bob Marley mudou-se para Londres. Ele não apoiava nenhum partido, mas a sua influência era grande, as sua músicas faziam críticas políticas e sociais, um dos grandes motivos pelo qual tentaram o calar, o perseguiram por onde passou, tentaram achar uma forma de incriminá-lo, mas nunca acharam nada com o que pudessem fazer isso, pois não havia, as suas músicas eram a sua arma, elas falam a verdade.
Já em Londres, Bob Marley gravou o álbum “Exodus”, um verdadeiro sucesso. The Wailers era cada vez maior, o domínio das paradas inglesas e americanas era absoluto.
(Bob Marley, Edward Seaga e Michael Manley)
Em 1978, Bob Marley voltou para a Jamaica. Ele queria comemorar em grande estilo, e resolveu fazer um grande show gratuito. Em 22 de abril de 1978, Bob Marley & The Wailers se apresentaram no Estádio Nacional de Kingston, no famoso “One Love Peace Concert”. Foi nesse show que aconteceu um dos fatos, se não o mais marcante em sua carreira, quando sem ter combinado e sem que ninguém esperasse, Bob Marley durante a música “Jammin´”, começou a falar coisas bonitas e pedir que “Deus nos ajudasse nessa noite”. Ele convidou o primeiro-ministro jamaicano, Michael Manley, líder do partido PNP, e o líder Edward Seaga do partido de oposição PTJ, para que subissem ao palco. Ao subirem ele pediu que dessem as mãos, e ali fizeram um acordo de paz. Nesse momento a multidão foi à loucura, foi um momento maravilhoso em que a paz foi instituída na Jamaica.
Ainda em 1978, Bob Marley & The Wailers lançaram mais um grande álbum, “Babylon By Bus”, disco ao vivo. Um dos maiores sucessos também foi lançado em 1978, o álbum "Kaya". A banda estava viajando o mundo, além de visitarem a África pela primeira vez, ainda passaram por Austrália, Japão e Nova Zelândia. O sucesso mundial era impressionante.

Em 1979, Bob Marley & The Wailers lançam o excelente álbum “Survival”, o mais politizado de todos os trabalhos da banda, que abordava temas sociais e políticos que o continente africano passava, diante de guerras, da fome e do domínio dos brancos. O álbum tinha entre os grandes sucessos “Africa United” e “Zimbabwe”. O álbum chamava o povo à liberdade, e chegou a ser censurado pelo regime “Apartheid” que a África do Sul vivia.
Em 1980 Bob Marley & The Wailers foram convidados para tocar na cerimônia de independência do Zimbabwe. Como o país não tinha condições de bancar o show e estrutura da banda, Bob Marley pagou o transporte dos equipamentos e outros gastos do próprio bolso. Em maio de 1980 eles lançaram o álbum “Uprising”, outro sucesso instantâneo no mundo inteiro, que tinha músicas como “Could You Be Loved” e “Redemption Song”.
Os Wailers embarcaram em sua maior turnê pela Europa, arrastando multidões por onde passavam, inclusive no lendário show em Milão, Itália, com público de 100.000 pessoas, recorde absoluto até então para qualquer banda no mundo. Bob Marley & The Wailers eram a banda mais importante daquele ano, o álbum “Uprising” bateu todas as paradas de sucesso, foi o período máximo na carreira de Bob Marley.
(Bob Marley em apresentação histórica na Itália em 1980)
(Show histórico no Estádio San Siro na Itália em 1980)
Após a grande turnê pela Europa, Bob Marley partiu com a banda para os Estados Unidos, onde teriam uma vasta maratona de shows marcada. Durante o segundo show, Bob passou mal no palco, aí começou a ser averiguado o que se passava com o grande ídolo do reggae. Mesmo com problemas de saúde Bob Marley ainda fez mais um grande show, no qual ele sentia que seria o ultimo de sua carreira. No dia 23 de setembro de 1980, em Pittsburgh, Estados Unidos. Logo o mundo recebeu a triste noticia de que Bob Marley estava com câncer.
A doença teria sido decorrente de um ferimento que Bob sofreu no dedão do pé, durante uma partida de futebol, ainda em 1977 em Londres. O ferimento havia infeccionado a ferida não havia cicatrizado, foi então diagnosticado que Bob sofria de uma espécie de câncer (melanoma), doença que era típica de pessoas brancas, e desenvolveu em sua unha. Os médicos no tempo do diagnostico, aconselharam a amputar o dedo, ou remover um pedaço apenas, mas Bob se recusou a fazer isso, devido à filosofia rastafari, de que o corpo é um templo que ninguém pode modificar. Ele também estava preocupado no impacto que a operação poderia causar em sua dança, ele temia que a amputação afetasse a sua carreira, no momento em que estava no auge.
(Estátua de Bob em Kingston)
No tempo em que foi esquecida a doença, o câncer se espalhou pelo cérebro, pulmão e estômago. Bob lutou contra a doença por oito meses, se tratava na clinica do Dr. Joseph Iseels na Alemanha. Em maio de 1981, o Dr. Iseels anuncia que nada mais poderia ser feito, Bob Marley já estava abatido pela doença e resolveu retornar para sua casa na Jamaica, ele queria passar os seus últimos dias com sua família e amigos. Mas não foi possível completar a viagem, tendo que ser internado em um hospital em Miami. Bob Marley faleceu no dia 11 de maio de 1981 aos 36 anos.
A música, a mensagem e a lenda Bob Marley, ganharam ainda mais força após a sua morte. Também deu a ele um status mítico, similar ao de Elvis Presley e John Lennon. Bob Marley é enormemente popular e muito conhecido em todo o mundo. É considerado o Rei do Reggae, é visto como uma das maiores vozes do povo pobre e oprimido, e um dos maiores defensores da paz, da liberdade e da desigualdade social e de direitos. Após a sua morte, a data de seu aniversário, o dia 6 de fevereiro, foi decretado feriado na Jamaica. Bob Marley foi enterrado na Jamaica como herói e é considerado um “Herói Nacional”.


“Se todos nos unirmos e dermos as mãos, que sacará as armas? – Eu só tenho uma ambição: que a humanidade viva unida. Negros, brancos, orientais, todos juntos.” – Bob Marley.

Prêmios e Honrarias

  • Banda do ano de 1976 pela Rolling Stone.
  • Premiado com a “Medalha de Paz do Terceiro Mundo” pelas Nações Unidas em 1978.
  • Premiado com a mais alta condecoração jamaicana, a “Ordem ao Mérito” em 1978.
  • Álbum do século em 1999, pelo disco “Exodus”.
  • Estrela na Calçada da Fama de Hollywood em 2001.
  • Premiado com um Grammy pelo “Conjunto da Obra” em 2001.
  • “One Love” chamada de Canção do Milênio pela BBC.
  • Votado como um dos maiores letristas de todos os tempos por uma pesquisa da BBC.
  • Classificado com um dos maiores artistas de todos os tempos pela Rolling Stone Magazine.
Quem ainda não teve a oportunidade de assistir ao excelente filme que conta a trajetória do Rei do Reggae, onde amigos e familiares que viveram com Bob contam ótimas histórias a seu respeito. Assistam e conheçam mais sobre essa grande lenda, que revolucionou a história da música.

Marley (2012)


 

Um comentário:

  1. Bob Marley: O eterno Rei do Reggae: http://www.radiotsi.com.br/blog/bob-marley-o-eterno-rei-do-reggae/

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