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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

The Congos

Alguns artistas se tornam lendas ainda vivas, na música reggae temos o prazer de ainda termos várias lendas em atividade, levando a melhor música e mensagens positivas para o mundo. Uma dessas lendas é a banda The Congos, que estampa a nossa página essa semana.
A banda foi formada em meados da década de 70 na Jamaica, inicialmente com “Ashanti” Roy Johnson, nascido em Hanover, Jamaica, e Cedric Myton, nascido em Saint Catherine, Jamaica. Mais tarde tornou-se um trio com a adição de Watty Burnett, jamaicano de Port Antonio.
Cedric "Congo" Myton
Cedric Myton sempre soube o caminho que queria trilhar, o da música. Ainda muito jovem, com dezesseis anos de idade, gravou a primeira canção com o grupo “The Tartans”, do qual fez parte até o final da década de 60, a música era “Dance All Night”, que chegou ao topo das paradas na Jamaica. The Tartans era formado por Prince Lincoln Thompson, Devon Russel, Lindburgh Lewis e Cedric Myton. Em 1975, Cedric e Lincoln Thompson formaram o mediático grupo “Royal Rasses”, o longa duração “Humanity” e o consequente single com o mesmo nome, é lembrado até hoje como uma das mais consagradas canções da história da música.
Watty Burnett, Roy Johnson e Cedric Myton.
No ano seguinte, Cedric formou um dos grupos Roots mais aclamados – The Congos. No inicio o Congos era um duo, com Johnson como tenor (faixa de sons mais agudas) e Cedric fazia o falsete (sons agudos ou mais graves, voz não natural) onde gravaram o single “At The Fast” de Lee “Scratch” Perry, um dos gênios da música. Perry logo transformou o grupo em um trio com a adição de Watty Burnett, barítono (voz mais grave ou aveludada). Eles gravaram o clássico álbum “Heart Of The Congos” nos estúdios de Perry, esse disco era brilhante a todos os níveis, um dos mais consagrados da música. O álbum contou com backing vocals ilustres como a lenda Gregory Isaacs, The Meditations, Barry Llewellyn, além de Morgan Conde da banda The Haptones.
Nessa época Perry estava em disputa com a Island Records, no momento em que o álbum do The Congos ficou pronto, assim ele foi lançado pelo próprio selo de Perry, o “Black Ark”, o que acabou limitando o sucesso do álbum internacionalmente, isso também causou um racha com o grupo. Os Congos seguiram o seu próprio caminho, onde eles mesmos organizaram uma edição limitada do álbum. O selo do Reino Unido “Got Free” finalmente relançou o álbum em 1980.
“Congo Ashanti” foi o segundo disco do grupo, foi promovido na Europa pela Label CBS (francesa). The Congos e The Toots & The Maytals surgiram juntos no filme “Image Of Africa”, onde sairia o terceiro registro da banda, alusivo ao filme. “Heart Of The Congos” demostrou ser um patamar difícil de ser igualado e esses outros lançamentos sofreram com isso, pois soavam comuns diante da obra sólida que fizeram ao lado de Perry. Burnett deixou o grupo, logo depois Johnson, que embarcou em uma carreira solo. Cedric continuou a gravar como The Congos com vários outros músicos.
Cedric Myton, Roy Johnson e Watty Burnett.
Depois de quinze anos afastados dos estúdios, “Natty Dread Rise Again”, para a RAS Records, marcou o regresso do grupo. Nesse mesmo ano o selo britânico “Blood & Fire” brindou os fãs do The Congos com o lançamento em dois compact disc do “Heart Of The Congos”, além da excelente qualidade de som ainda foi acrescentado quatro faixas bônus, “Row Fisherman Row” e “Congoman”, cedidas pela Island Records e duas versões Dub. Dois anos depois surgiu “Reggae Revival” para a VP Records, um projeto que marcou uma nova etapa na longa historia, além das novas edições também foi relançada em compact disc pela mesma gravadora a maior parte do catálogo da banda.
Em 2005, Myton gravou “Give Them Rights”, com uma série de cantores e músicos de estúdio renomados, como Sly and Robbie e Earl “Chinna” Smith, um álbum com as mesmas raízes espirituais da década de 1970.

Em 2006, o selo “Blood & Fire” do Reino Unido lançou o álbum “Fisherman Style”, com uma versão remixada da clássica faixa “Fisherman” do “Heart Of The Congos”, com a participação de lendas como Horacy Handy, Big Youth, Dillinger, Prince Jazzlo, Luciano, Freddie McGregor, Gregory Isaacs, Max Romeo, Mykal Rose, Dean Fraser, Sugar Minott e U-Roy, fazendo suas próprias versões do original.
Em 2008, The Congos apareceu no filme independente “Do Wah Dem” escrito e dirigido por Sam Fleischner e Chace Ben. No filme o The Congos toca “Fisherman” e “Congoman Chant” sob a lua da praia de Hellshire próxima de Portmore, Jamaica. “Do Wah Dem” ganhou o Prêmio do Júri para Melhor Produção Narrativa em 2009 no “Los Angeles Film Festival”, que teve lançamento para os cinemas em junho de 2010.
Em 2009, Cedric, Burnett e Johnson se reuniram com Perry para gravar o álbum “Black In A Black Ark”, que apesar do titulo, foi gravado no estúdio de Cedric Myton em Portmore e no Mixing em Kingston. Era o reencontro deles 30 anos depois do clássico “Heart Of The Congos”.
Em 2010, a banda participou da gravação da faixa “Let Jah Arise” da banda de reggae brasileira Monte Zion, além de criarem duas composições em conjunto. Ainda em 2010, o The Congos participou do álbum “Dia Após Dia Lutando”, da banda Ponto de Equilíbrio, na faixa “Novo Dia”, que mais tarde virou um videoclipe. Uma honra para o reggae brasileiro.
A banda The Congos costuma visitar o Brasil com frequência, o que é ótimo para nós que amamos a musica reggae e ainda podemos ver grandes lendas tocando ao vivo. O som do The Congos é muito forte, a voz de Cedric “Congo” Myton é inconfundível, ainda adicionada às vozes de Johnson e Burnett, é Roots. É algo extraordinário ver o The Congos se apresentando, verdadeiras Lendas Vivas.

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