The Voice Of The People

sábado, 31 de agosto de 2013

Alpha Blondy

Alpha Blondy é o nome artístico de Seydou Koné, nascido no dia 1 de janeiro de 1953 em Dimbokro, Costa do Marfim. Canta principalmente em Inglês, Francês e Dioula (sua língua nativa), além de ocasionalmente cantar em Árabe ou Hebraico. Ele bandeou-se para o lado do reggae após ouvir Bob Marley & The Wailers. As suas letras expressam fortemente atitudes e humor relacionados com a política, com discursos que foram contra o Apartheid e as brigas tribais que dominam o continente africano. Ele inventou a palavra “democrature” (a qual se pode traduzir como “democradura”, uma combinação de democracia com ditadura), para qualificar alguns governos africanos. Alpha Blondy é considerado como uma espécie de Bob Marley afro, por suas mensagens e músicas políticas, de paz e igualdade. Com certeza a história do reggae africano não seria a mesma sem ele.
Alpha Blondy é o primeiro filho de uma família de nove filhos, foi criado por sua avó, Cherie Coco, o menino ganhou dela o apelido Blondy, que vem da palavra “Bandit” e é pronunciada em francês “Bondee”. O motivo era a sua rebeldia na adolescência. Ele dizia que cresceu “entre os anciãos”, que mais tarde teve um grande impacto na sua carreira.
Mais tarde, Alpha Blondy foi juntar-se ao seu pai em Odienné, Costa do Marfim, onde passou 10 anos, vindo a frequentar a Faculdade Sainte Elisabeth, se envolvendo no movimento dos estudantes da Costa do Marfim. Aqui ele formou uma banda, mas esse passatempo afetou a sua escolaridade. Em 1972 ele acabou expulso devido a fraca assiduidade. Seus pais em seguida o enviaram para estudar em Monrovia, um país vizinho da Libéria, ele passou treze meses por lá, onde terminou os estudos e aprendeu o inglês muito bem, o que fez com que Blondy decidisse se mudar para Nova York, Estados Unidos. Ele estudou inglês no Hunter College em Nova York, e mais tarde no programa americano da Columbia University Language, ele queria se tornar um professor de inglês. Alpha Blondy teve que trabalhar em tempo integral, muitas vezes à noite.
Em Nova York, Blondy conheceu pela primeira vez o Movimento Rastafari, através de concertos de artistas jamaicanos como o lendário Burning Spear. A paixão pela música o levou a começar a cantar em alguns grupos locais. A possibilidade de gravar um disco solo apareceu quando ele conheceu um famoso produtor, Clive Hunt, que deixou Blondy cheio de esperanças, mas não cumpriu sua palavra. Eventualmente ele começou a sofrer alguns tropeços em Nova York, o cantor entrou em depressão e resolveu voltar para a Costa do Marfim, onde os problemas continuaram, mesmo perto da família, as crises nervosas o levaram a passar quase dois anos em uma clínica psiquiátrica. Alpha Blondy sofreu vários problemas psicológicos, em decorrência se envolveu no uso de drogas pesadas, esteve internado no final da década de 70, ele tentou suicídio no final de 1992 em Paris, mas pouco se sabe sobre esses problemas.
As coisas começaram a mudar no início dos anos 80, quando ele encontrou um de seus amigos de infância, Fulgence Kassi, que havia se tornado um produtor de televisão. Ele foi convidado a participar de um programa na TV, e este foi o início de sua carreira como cantor e ele passou a usar o nome “Alpha Blondy”. Essa participação o ajudou a gravar o primeiro disco, “Jah Glory” (1982), que se tornou um grande sucesso, sendo mais tarde um símbolo de resistência pelas letras sobre a violência da policia. Algumas letras foram baseadas na experiência pessoal de Blondy, por ter vivido e visto de perto a violência.
Alpha Blondy se tornou uma grande estrela em Abidjan, com o seu próprio toque africano na música reggae, o seu estilo era chamado de “a re-interpretação do reggae jamaicano” e se espalhou também pela Europa. Alpha Blondy é espiritual, político e positivo como o próprio Marley, gravou até um cover de “War” (La Guerre), canção famosa de Bob Marley. Ele não para de progredir, a fim de alcançar mais pessoas com a sua mensagem, que ele canta em vários idiomas: a sua língua nativa – dioula, inglês, francês, baoule, árabe, hebraico. Mais tarde ainda traria novos instrumentos para sua marca de reggae, como o violino e o violoncelo.
Após o sucesso de um EP intitulado “Rasta Poué”, com quatro canções, que colocou um hit na Europa, ele se sentiu encorajado em sair novamente da África. O seu destino foi Paris, onde ele assinou com a “Pathé-Marconi” (EMI) e gravou o seu segundo disco, “Cocody Rock” (1984). A faixa titulo do álbum foi gravada na Jamaica com a banda de Bob Marley: The Wailers.
Depois de uma turnê, Blondy retornou para casa e dedicou-se a produção de um novo disco, “Apartheid is Nazism” (Apartheid é Nazismo), que saiu em 1985. Este álbum foi mais politicamente comprometido do que nunca, é uma chamada para o fim do Apartheid e a liberdade para todos, ainda com a canção “Jesus Come Back”, em que tratava de assuntos místicos.
Em 1986, Alpha Blondy gravou sua obra-prima, “Jerusalem”, no lendário “Tuff Gong Studios” na Jamaica e com a banda de Bob Marley, The Wailers. Blondy tentou promover a unidade entre as religiões do Islã, Judaísmo e Cristianismo. Em um concerto para muçulmanos causou uma polêmica e críticos o chamaram de provocador, o cantor se defendeu dizendo que “acreditava ter uma missão pessoal de restaurar a harmonia entre as religiões”. Ele tirou os seus argumentos e inspiração de seu próprio conhecimento diverso na Bíblia, Alcorão e o Torah. Ainda nesse ano ele cantou em hebraico durante um concerto no Marrocos.
Em 1987, Alpha Blondy lançou seu álbum “Revolution”, que tinha um som mais leve, canções mais melódicas, com violinos e violoncelos. As criticas vieram pesadas em cima de uma faixa, “Jah Houphouët Parle”, que durava mais de dez minutos, e trazia o discurso do novo presidente da Costa do Marfim, com o mínimo de ruído por traz do discurso.
Apesar de dois bons meses de turnê nos Estados Unidos, uma segunda turnê pela França foi cancelada devido um impasse entre ele e o contratante, que dizia que Blondy sempre atrasava os shows, e ele decidiu voltar para casa. Blondy passou os anos entre 1987 e 1989 gravando e fazendo concertos em Abidjan, lá lançou um novo disco, “The Prophets”, desta vez independente, sem a gravadora Pathé-Marconi, que ele acreditava negligenciar o mercado africano. Outro disco promovido por ele nesse período sem a gravadora da qual estava se distanciando, foi “SOS Guerre Tribale”, e seu sucesso se restringiu ao continente de origem, mais isso não ia parar Blondy, que em 1991 retornou à Europa.
O retorno ao mercado internacional foi em grande estilo, com o disco “Mesada” em 1992. O novo álbum contou com a ajuda de lendas musicais, com Bocana Maiga e o produtor de reggae Dennis Bovell. O álbum com seu hit single “Rendez Vous”, foi um enorme sucesso, lançado em 50 países, que mais tarde recebeu Disco de Ouro Duplo em Paris, o primeiro de Alpha Blondy.
Após a longa e cansativa turnê pela Europa, Blondy entrou em uma grave crise de depressão e foi internado em uma instituição de psiquiatria para ajuda ao tentar suicídio. No final de 1993, já recuperado, o músico retornou a profissão e gravou o álbum “Dieu” (Deus), onde ele aparece mais espiritual e religioso, em faixas como “Heal Me”, que fala sobre sua doença e recuperação. O tratamento de Blondy continuou, devido os problemas psicológicos, até a sua volta em 10 de dezembro de 1994, no aniversário de um ano em memória do falecido presidente da Costa do Marfim, Houphouët-Boigny.
Em 1996, com uma compilação contendo grandes sucessos de Alpha Blondy, ele voltou às paradas musicais da Europa, e voltou também aos estúdios para gravar o seu novo álbum, “Grand Bassan Zion Rock”, cantado em varias línguas: francês, inglês, árabe e dialetos africanos.
Após dois anos em Paris, em 1998 Blondy voltou a sua terra natal. Com base em seu sucesso internacional, ele decidiu criar a sua própria gravadora, desde então gravou álbuns e singles como, “Yitzhak Rabin” (1998), em memória do primeiro-ministro israelense que foi assassinado em 1995 (este foi acompanhado por mais uma turnê cansativa pela Europa). Lançou o single “Jounaliste en Danger”, do álbum seguinte, “Elohim” (1999).
Em 2002, Alpha Blondy comemorou 20 anos como um artista de gravação, com o lançamento do ótimo álbum “Merci”, que lhe rendeu uma indicação ao Grammy Awards em 2003, para “Melhor Álbum de Reggae”. No entanto, devido à situação política em seu país de origem, Costa do Marfim, ele foi incapaz de atender pessoalmente a cerimônia de premiação. Em 2003, Alpha Blondy fez três shows no Brasil para a divulgação do disco “Essential 2003”, uma coletânea.
Em 2005, foi lançado Akwaba: The Best Of, reunindo grandes sucessos da carreira do cantor e participações de nomes como Laster Bilal, Magic System, Neg Morrons, UB40, Cocody Rock e Mokobé. Destaque para as novas versões de faixas como “Sweet Fanta Diallo”, “Cocody Rock” e “Yana De Fohi”.
Em julho de 2007 foi lançado o álbum “Jah Victory”. No álbum tocam Sly Dunbar na bateria e Robbie Shakespeare no baixo, bem como Tyrone Downie nos teclados, anteriormente de Bob Marley & The Wailers. “Jah Victory” é uma homenagem ao acordo de paz que foi alcançado e implementado na Costa do Marfim em março de 2007. Entre as canções de sucesso está a belíssima “I Wish You Were Here”.
No dia 19 de julho de 2009, Alpha Blondy realizou um concerto no Central Park de Nova York, diante de uma multidão de muitos nativos africanos, jamaicanos e americanos. Em 13 de junho de 2010, foi realizado um concerto diante de outra multidão, dessa vez realizado na Costa do Marfim, sua terra natal, para celebrar a paz e a unidade do país. Um incidente aconteceu nesse show e pelo menos 20 pessoas ficaram feridas, das quais 2 morreram. No mesmo mês em 27 de junho, ele fez outro grande show em Parkpop, Haia, Holanda. Onde substituiu Snoop Dogg e Beenie Man. Alpha Blondy também foi uma importante influência para outros artistas do reggae africano.
Após quatro anos do triunfal “Jah Victory”, Alpha Blondy lançou em abril de 2011 o álbum “Vision”, mantendo-o nos trilhos da vitória. O álbum é o protótipo inspirado do artista que não adormece a sombra do sucesso, e procura recriar-se a cada temporada em estúdio. A soma de instrumentos africanos como a “Kora”, o devolve a um espaço de encontro com a sua terra, que na verdade ele nunca abandonou, o álbum é uma mescla de tradição com modernidade, uma obra em que se pode confiar e de consistência plena em uma discografia gorda, que recentemente ganhou mais um titulo, o álbum “Mystic Power”.
O álbum foi lançado em março de 2013, trazendo o som clássico de Alpha Blondy com um toque a mais de modernidade em algumas faixas, em outras um reggae mais leve como na música “Ouarzazate”, ainda com de uma versão de “I Shot The Sheriff” na versão “J’ai tué Lê Comissaire”, já que Alpha Blondy não esconde a sua inspiração e admiração pelo som de Bob Marley & The Wailers.
Alpha Blondy nasceu de uma mãe muçulmana e de um pai cristão, foi criado por uma avó que lhe ensinou a respeitar e amar a todos. Alpha Blondy respeita todas as religiões e espiritualidade, que podem ser ouvidas em músicas como, “God is One” e “Jerusalem”, onde ele cantou pela unidade entre todas as religiões e pessoas, em 1986. Seydou Koné (Alpha Blondy) foi nomeado embaixador das Nações Unidas de Paz para a Costa do Marfim em 2005. Ele fez grandes esforços para conseguir uma solução pacífica para a divisão política e física de seu país, que foi resultado de uma tentativa de golpe em 2001. Em março de 2007, um acordo de paz foi assinado e implementado, devido ao trabalho árduo de muitas pessoas, incluindo Alpha Blondy.
Seu trabalho se estende a recém criada instituição que não tem fins lucrativos, não governamental e não de caridade política, a “Alpha Blondy Glory Foundation”, que deliberadamente trabalha para acabar com a injustiça social e a pobreza, dando as pessoas às ferramentas que elas precisam para ajudarem a si mesmas. A fundação se esforça para criar e implementar programas em nível de aldeia, tais como o “Programa de Micro Empréstimo Auto Suficiência para Mulheres”, que ensina mulheres que cuidam de órfãos a iniciarem e gerenciarem seu próprio negócio, para melhor sustentar as suas famílias. Outros projetos como o “Camp Retreat Tafari-Gênesis para a Infância” (Costa do Marfim e Burkina Faso), que especialmente espera trazer alegria e esperança as crianças que foram afetadas por guerras civis, ex-crianças soldados, e aqueles que sofrem de doenças crônicas e que tem a vida em risco, como anemia falciforme, malária, asma, etc.
Quando se fala em Alpha Blondy, as pessoas pensam geralmente em sua música, que de fato existe desde 1980, onde ele escreveu pelo menos 18 álbuns em mais de 200 títulos. Isso por si só indica o grande valor que ele representa para os seus fãs pelo mundo. Mas Alpha Blondy não é só mais uma estrela da Costa do Marfim ou da música reggae, mas uma mega estrela internacional por causa da sua luta pela paz, liberdade e unidade em todo o mundo. Alpha Blondy participou de muitos concertos humanitários e de caridade, como concertos no Senegal em março de 2006 para a erradicação da malária na África (Onde ele apareceu juntamente com outras celebridades). Ele tem feito muito, mas muito desse tipo de trabalho na Costa do Marfim, especialmente em seu concerto anual gratuito na praia de Bassan, chamado “Party”.
Alpha Blondy construiu uma obra de respeito, mesmo sofrendo de sérios problemas psicológicos ele se mostrou forte e vencedor, encontrando na música uma forte arma contra a violência e desigualdade. Seu reggae africano está há mais de três décadas percorrendo o mundo com mensagens de paz e denuncias de guerras civis na África. Alpha Blondy é uma estrela do reggae de primeira magnitude.

“Minhas canções são realmente todas canções de amor. Quando eu falo sobre Deus, eu converso sobre o amor divino, quando eu falo sobre politicagem, tendo vindo junto fazer mudanças para a geração futura, além disso é um caminho para a propagação do amor. Eu penso que o mundo precisa, e nós temos que dar chance as nossas crianças – por uma geração futura” – “O que a geração futura da África precisa, é uma unidade além das considerações tribais”. – Alpha Blondy

Fonte:
www.discodigital.sapo.pt/new.asp?id_news=42605

Download da Semana (32) – Alpha Blondy – Merci + Jah Victory

Essa semana o download está demais, Alpha Blondy com dois excelentes álbuns. O primeiro é “Merci”, lançado em 2002 e que teve uma indicação ao Grammy Awards para Melhor Álbum de Reggae em 2003. Entre os excelentes sons deste álbum destaco “Who Are You”, “Good Bless Africa”, “Hey Jack” e “Vanite”. O segundo álbum é “Jah Victory”, lançado em 2007, sendo uma homenagem ao acordo de paz que foi alcançado pela Costa do Marfim em 2007, pelo qual Alpha Blondy lutou. Ele também explorou bem a música da América com a participação de artistas locais, entre os sons está a bela letra e melodia de “I Wish You Were Here” (um dos meus favoritos do reggae em geral), além de “Sankara”, “Ranita”, “Mister Grande Gueule”, “Le Bal Des Combatus” e “Bahia”, já que em novembro ele estará em Salvador, Bahia para o República do Reggae 2013. Podem baixar sem medo que é garantido, duas pedradas de Alpha Blondy.


  • Merci


  • Jah Victory

sábado, 24 de agosto de 2013

Download da Semana (31) – The Abyssinians – Satta Massagana + Arise



O download da semana traz uma das melhores e mais respeitadas bandas da música reggae, The Abyssinians, com download duplo. O primeiro é o clássico “Satta Massagana” de 1976, que traz um dos primeiros hinos da música reggae, a canção que também intitula o álbum “Satta Massagana”, mas também destaco outras belas canções como “Forward Unto Zion”, “Abendigo”, “Declaration of Rights”, “I And I” e “African Race”.
O segundo álbum é “Arise”, lançado em 1978, um verdadeiro aprofundamento da banda nas raízes da música jamaicana, mostrando todo o poder e grandeza que a música tem em melodias e letras de “Oh Lord”, “This Land Is For Everyone”, “Meditation”, “Jah Loves”, “Let My Days Be Long”, entre outras. Baixem essas duas pedradas da música reggae!

  • Satta Massagana
  • Arise

The Abyssinians



Há algum tempo venho querendo escrever sobre essa banda que é uma das mais importantes na história da música Reggae, um verdadeiro clássico! Até que o momento certo chegou, já que, depois de um bom tempo, eles retornaram a ativa, com o lançamento de uma música inédita em 2013, “Hair And Beard”, e retornam ao Brasil pelo segundo ano consecutivo para participar de grandes eventos. Praticamente 80% das palavras que uso neste post não são minhas, mas dos autores do blog Oficina de Macacos. Esses posts estavam arquivados em meus favoritos há um bom tempo, onde eles falam e definem com propriedade, usando palavras precisas e emoções para descrever as músicas, histórias e obras dessa grande banda de Reggae (inclusive eles descrevem muito bem os clássicos e raridades da música em geral). Então vamos ao que interessa, The Abyssinians!

Conhecidos sobretudo pela canção e consequente LP “Satta Massagana”, são sem dúvida na vertente Roots uma das bandas mais influentes de toda a história da música Reggae.
Formado em 1969 por Donald Manning, Linford Manning e Bernard Collins, ficaram alguns anos na obscuridade em termos de reconhecimento fora da ilha jamaicana. Em 1998, “Satta Dub” foi reeditado na França e todas as canções incluídas foram disponibilizadas pela primeira vez em CD, assim como fora da Jamaica.
Já no início da década de 70, vieram a ser responsáveis por um dos primeiros hinos da era rastafari, “Satta Massagana”, citado acima. O disco foi gravado no lendário Studio One de Coxsone Dodd, e é um hino rastafari com base no idioma “américo etíope”, que os lançou para as fileiras dos grandes nomes da música Reggae. Este clássico do reggae fala de uma terra distante (no caso, a Etiópia, cujo nome antigo era Abissínia) onde nunca havia noite, apenas dia. “Satta Massagana” foi lançado em 1971, se tornou uma das canções mais populares do reggae, foi ouvida nas rádios, nos bailes e até mesmo em igrejas na Jamaica. O hino também foi regravado e cantado por diversos cantores internacionais, incluindo artistas da atualidade.
Este CD é a melhor forma de apresentarmos o autêntico reggae jamaicano da era 60-70 (pré-Bob). Os caras mandavam muito bem em um tempo em que a precariedade dos estúdios marcaram época e que acabava refletindo nos álbuns mais inexperientes e desavisados, mas também prevalecia todo o talento diante dos poucos recursos da época.
O grupo que rapidamente capturou a aclamação internacional com seu álbum de estréia, “Satta Massagana”, exerceu em seguida um aprofundamento nas raízes da música jamaicana. Tal ato faria fervilhar a criação, culminando com “Arise”, o álbum lançado em 1978. The Abyssinians mostram em “Arise” todo o poder espiritual da música, toda sua grandeza exemplificada em melodias tão finas e de lirismo tão profundo. “Arise” é um disco que nem apresenta risco de superdosagem, que quanto mais se ouve melhor se fica.

“Inspiradora, companheira e tantas vezes fiel nas reconvalescências espirituais do bicho homem, a música se apresenta como uma entidade abstrata e sutil. Tantas máximas foram cunhadas em sua homenagem, a adorando e a saudando. A lista é grande e vai de Nietzsche à Confúcio. Seu esplendor curativo é um fato consumado. Aos céticos só ordeno que dêem um passo à frente para serem atingidos, como ocorreu comigo nesta manhã”. – Pitera – Blogueiro do Oficina de Macacos, sobre o álbum “Arise”.
The Abyssinians podem ser apontados como os que melhor lapidam os cantos no gênero. Tecidos artesanalmente com vigor e sinuosidade de negras vozes transcendentes, eles tornam-se realmente um espetáculo. A rara sintonia, afiadíssima dos Abyssinians é um trunfo que deveria dar inveja em muitos corais de igrejas. Além dessa singularidade presente em vocais e backing vocals, o grupo sustenta outros fundamentos não menos importantes, edificadores no propósito de propagar a mensagem de Jah através da música. A espiritualidade alistada ao lado de belíssimas melodias são os outros canhões sonoros dos Abyssinians. Estes, não ferem, pelo contrário, afundam os ouvintes nas profundezas dos mares do espírito, trazendo para si a sensação do bem. Primazia melódica, espiritualidade, ritmos descontraídos, músicos de apoio que vão de Tommy McCook à Bongo Herman e Cedric Im Brooks, bateria quebrando nos lugares apropriados. O que mais poderíamos querer? Todas essas qualidades fazem The Abyssinians uma das melhores bandas de reggae, não só da cena atual, mas de todos os tempos.
Mesmo sem nunca terem alcançado o status de superstars, The Abyssinians estão na ativa até hoje e são uma das bandas mais respeitadas pelos regueiros mais ortodoxos ou quaisquer fãs temporários, que sejam, do verdadeiro reggae e suas vertentes. The Abyssinians é mais uma banda que será eternizada na história da música Reggae.
Fonte:
www.theabyssinians.com/bio.html

sábado, 17 de agosto de 2013

Israel Vibration



Formado em 1970 pelos guerreiros Cecil “Skely” Spence, Albert “Apple Gabriel” Craig e Lascelle “Wiss” Bulgin. Guerreiros porque todos venceram as dificuldades da poliomielite quando crianças. E talvez se não fosse por isso nada teria acontecido, não estaríamos aqui falando sobre o Israel Vibration, um dos maiores trios do roots reggae jamaicano de todos os tempos. Eles vieram do gueto de Kingston, e como a maioria das famílias locais, não tinham recursos suficientes para tratamento particular de qualidade, então foram levados ao Centro de Reabilitação Mona, e foi lá que se conheceram. Firmaram laços de amizade e compartilharam afinidades que mais tarde se tornaram os pilares para o grande sucesso e respeito que conquistaram como banda.
Em certo momento foram afastados do centro de reabilitação, devido ao fato de enxergarem além do que lhes era cabido e discordarem de certas condutas internas. Depois de algum tempo distantes, eles se reencontraram para um só objetivo: fazer música.

Começaram a cantar e compor diversas canções de âmbito religioso e filosófico liberário. Eles encontraram o que precisavam na música, que fez com que ganhassem o apoio da comunidade local, proporcionando o encorajamento para seguir em frente com a carreira.
A primeira gravação veio em 1978, que rendeu o álbum “Same Song” pela EMI. Eles eram destaque em festivais locais e se tornaram ídolos de muitos produtores da época, um deles era Dr. Dread, presidente e fundador da Ras Records. A partir daí surgiu uma atenção internacional por eles. Depois de um tempo, a carreira fonográfica de Israel Vibration parecia estar indo por água abaixo, pois assim como muitos artistas jamaicanos, foram induzidos a uma indústria local infestada naquele momento, por práticas de contabilidade questionável, produtores mal intencionados, pirataria musical e a falta de incentivo a excurssões internacionais.
Em 1983, eles se separaram e foram para os Estados Unidos em busca de cuidados médicos adequados e também de projetos individuais. Em 1988, Dr. Dread, que admirava o talento de Israel Vibration e ouvia atentamente as palavras de Marcus Garvey, lhes falou sobre a “unidade e força”, aconselhando que se unissem novamente. Eles aceitaram, e o resto da história faz parte de uma relação que originou o álbum “Strenght of My Life” (1988), e continuou com “Praises” (1990), “Forever” (1991), “Vibes Alive” (1992), “IV” (1993), “On The Rock” (1995), “Free to Move” (1996), e mais alguns álbuns Dub em meio a esses citados.
On The Rock gerou muitos elogios, além do single e vídeo “Rudeboy Shufflin”, que juntamente com o vídeo “Feeling Irie”, foi apresentado em programas de televisão nos Estados unidos e em outros países. On The Rock, seguido de Free to Move, que é outro excelente álbum, foram passos importantes na carreira do Israel Vibration. Que ainda teve o álbum “Live Again!” e o ótimo “Ras Portraits” em 1997, seguidos pelo lançamento de “Pay the Piper” que trazia o vídeo “Hard Road” em 1999, mostrando alguns dos materiais compostos pela dupla Skely e Wiss.
(Wiss e Skelly, atuais integrantes de Israel Vibration)
Em maio de 2000, Israel Vibration lançou um de seus trabalhos mais fortes, o álbum “Jericho”, que tem participação de alguns dos melhores músicos jamaicanos. Ainda em 2000 veio uma compilação do primeiro álbum da banda, The Same Song, originalmente lançado em 1978, que agora era relançado pelo selo “Culture Press”, trazendo as versões autênticas remasterizadas, mais versões Dub de todas as faixas. Sendo ainda mais especial por ter sido o álbum que lançou a banda para o mercado com enorme reconhecimento e admiração, um verdadeiro clássico!
Após o álbum “Dub Combo” em 2001, vieram mais dois álbuns em 2003, “Fighting Soldiers” e “Live & Jammin”, mostrando a força do velho clássico e consagrado Israel Vibration, até chegarmos a “Stamina” em 2007, com novos sucessos como “Herb is the Healing” (um dos meus sons preferidos do reggae em geral), “Natty Dread”, “Back Staba” e a própria canção título “Stamina”. Em 2010, a banda lançou o álbum “Reggae Knights”, até então o seu último lançamento.
Esse ano eles ainda retornam ao Brasil para o República do Reggae que acontece na Bahia no dia 9 de novembro, retornam porque eles já tiveram uma passagem pelo Brasil no primeiro semestre desse ano.

O Israel Vibration procura unir o reggae de raiz tradicional com um som elaborado e mensagens profundamente espirituais. Sempre acompanhados pela banda Roots Radics, tratando a música com muito respeito, fazendo de tudo para compor e executa-las essencialmente com a alma, e essa marca pode ser identificada em suas canções, que os fizeram ganhar reconhecimento, prestígio e muito respeito. Israel vibration é sem dúvida uma das maiores bandas do reggae internacional de todos os tempos, e será mais um clássico que nunca morrerá. Deus abençoe!

Fonte:
www.oficinademacacos.blogspot.com/2009/06/israel-vibration