Há algum
tempo venho querendo escrever sobre essa banda que é uma das mais importantes
na história da música Reggae, um verdadeiro clássico! Até que o momento certo
chegou, já que, depois de um bom tempo, eles retornaram a ativa, com o lançamento
de uma música inédita em 2013, “Hair And Beard”, e retornam ao Brasil pelo
segundo ano consecutivo para participar de grandes eventos. Praticamente 80%
das palavras que uso neste post não são minhas, mas dos autores do blog Oficina
de Macacos. Esses posts estavam arquivados em meus favoritos há um bom tempo,
onde eles falam e definem com propriedade, usando palavras precisas e emoções
para descrever as músicas, histórias e obras dessa grande banda de Reggae
(inclusive eles descrevem muito bem os clássicos e raridades da música em
geral). Então vamos ao que interessa, The Abyssinians!
Conhecidos
sobretudo pela canção e consequente LP “Satta Massagana”, são sem dúvida na
vertente Roots uma das bandas mais influentes de toda a história da música
Reggae.
Formado em
1969 por Donald Manning, Linford Manning e Bernard Collins, ficaram alguns anos
na obscuridade em termos de reconhecimento fora da ilha jamaicana. Em 1998,
“Satta Dub” foi reeditado na França e todas as canções incluídas foram
disponibilizadas pela primeira vez em CD, assim como fora da Jamaica.
Já no início
da década de 70, vieram a ser responsáveis por um dos primeiros hinos da era
rastafari, “Satta Massagana”, citado acima. O disco foi gravado no lendário Studio
One de Coxsone Dodd, e é um hino rastafari com base no idioma “américo etíope”,
que os lançou para as fileiras dos grandes nomes da música Reggae. Este
clássico do reggae fala de uma terra distante (no caso, a Etiópia, cujo nome
antigo era Abissínia) onde nunca havia noite, apenas dia. “Satta Massagana” foi
lançado em 1971, se tornou uma das canções mais populares do reggae, foi ouvida
nas rádios, nos bailes e até mesmo em igrejas na Jamaica. O hino também foi
regravado e cantado por diversos cantores internacionais, incluindo artistas da
atualidade.
Este CD é a
melhor forma de apresentarmos o autêntico reggae jamaicano da era 60-70
(pré-Bob). Os caras mandavam muito bem em um tempo em que a precariedade dos
estúdios marcaram época e que acabava refletindo nos álbuns mais inexperientes
e desavisados, mas também prevalecia todo o talento diante dos poucos recursos
da época.
O grupo que
rapidamente capturou a aclamação internacional com seu álbum de estréia, “Satta
Massagana”, exerceu em seguida um aprofundamento nas raízes da música jamaicana.
Tal ato faria fervilhar a criação, culminando com “Arise”, o álbum lançado em
1978. The Abyssinians mostram em “Arise” todo o poder espiritual da música,
toda sua grandeza exemplificada em melodias tão finas e de lirismo tão
profundo. “Arise” é um disco que nem apresenta risco de superdosagem, que
quanto mais se ouve melhor se fica.
“Inspiradora,
companheira e tantas vezes fiel nas reconvalescências espirituais do bicho
homem, a música se apresenta como uma entidade abstrata e sutil. Tantas máximas
foram cunhadas em sua homenagem, a adorando e a saudando. A lista é grande e
vai de Nietzsche à Confúcio. Seu esplendor curativo é um fato consumado. Aos
céticos só ordeno que dêem um passo à frente para serem atingidos, como ocorreu
comigo nesta manhã”. – Pitera – Blogueiro do Oficina de Macacos, sobre o álbum
“Arise”.
The
Abyssinians podem ser apontados como os que melhor lapidam os cantos no gênero.
Tecidos artesanalmente com vigor e sinuosidade de negras vozes transcendentes,
eles tornam-se realmente um espetáculo. A rara sintonia, afiadíssima dos
Abyssinians é um trunfo que deveria dar inveja em muitos corais de igrejas.
Além dessa singularidade presente em vocais e backing vocals, o grupo sustenta
outros fundamentos não menos importantes, edificadores no propósito de propagar
a mensagem de Jah através da música. A espiritualidade alistada ao lado de
belíssimas melodias são os outros canhões sonoros dos Abyssinians. Estes, não
ferem, pelo contrário, afundam os ouvintes nas profundezas dos mares do espírito,
trazendo para si a sensação do bem. Primazia melódica, espiritualidade, ritmos
descontraídos, músicos de apoio que vão de Tommy McCook à Bongo Herman e Cedric
Im Brooks, bateria quebrando nos lugares apropriados. O que mais poderíamos
querer? Todas essas qualidades fazem The Abyssinians uma das melhores bandas de
reggae, não só da cena atual, mas de todos os tempos.
Mesmo sem
nunca terem alcançado o status de superstars, The Abyssinians estão na ativa
até hoje e são uma das bandas mais respeitadas pelos regueiros mais ortodoxos
ou quaisquer fãs temporários, que sejam, do verdadeiro reggae e suas vertentes.
The Abyssinians é mais uma banda que será eternizada na história da música
Reggae.
Fonte:
www.theabyssinians.com/bio.html
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